Ferrari azul? O tradicional vermelho da escuderia ficará longe das pistas durante o GP de Miami de F1, realizado neste final de semana. A equipe italiana, em homenagem aos 70 anos da chegada no mercado dos Estados Unidos, decidiu reeditar o azul no carro e nos uniformes. O ge mostra o desempenho desse visual na Fórmula 1.
No GP de Miami, neste final de semana, o vermelho tradicional da Ferrari dividirá espaço com faixas em azul nos sidepods, asas dianteira e traseira e o halo, proteção frontal do piloto no cockpit. Não é só o carro que mudará: a equipe preparou um macacão especial que Charles Leclerc e Carlos Sainz vestirão na prova no Circuito de Miami Gardens. A dupla ainda ganhará, em breve, dois carros esportivos da montadora na cor azul.
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O surgimento da Ferrari azul remonta a conflitos do fundador da equipe, Enzo Ferrari, com o Automóvel Clube da Itália. O ACI não teria apoiado o dirigente em um conflito com a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), e ele decidiu não usar mais o vermelho no carro.
A temporada de 1964 da Fórmula 1 corria, e havia chegado a hora do GP dos Estados Unidos, a penúltima etapa do ano. A Ferrari, porém, não parecia ser a Ferrari. O modelo 158 estava na pista, mas exibia as cores azul e branca e o nome NART, do North America Racing Team, um satélite da escuderia italiana nos EUA.
Em uma corrida de 110 voltas, a vitória não ficou com a Ferrari (ou NART). John Surtees, piloto da escuderia, foi o segundo colocado atrás de Graham Hill, da BRM. Lorenzo Bandini abandonou no 58º giro e não pontuou para a equipe italiana. O tom Azzuro La Plata seguiu para o último Grande Prêmio de 1964, no México.
John Surtees, Graham Hill e Jim Clark chegaram ao México podendo ser campeões. A corrida não terminou com vitória de nenhum dos três. Dan Gurney levou a primeira colocação, mas Surtees foi o segundo colocado mais uma vez e ficou com o título de 1964. Bandini fechou o pódio com mais um carro da Ferrari/NART.
Nas duas corridas que disputou, a Ferrari azul não venceu, mas conquistou três lugares no pódio e um título mundial da Fórmula 1. A cor nunca mais foi utilizada no carro, mas voltou aos macacões dos pilotos em 1974, com Clay Regazzoni e Niki Lauda. Ao todo, foram três vitórias para a escuderia no ano, uma com Regazzoni e duas com Lauda.
O título mundial de 1974 também foi decidido na última corrida da temporada. Clay Regazzoni, da Ferrari, e Emerson Fittipaldi, da McLaren, chegaram ao GP dos Estados Unidos podendo ser campeões. Mais uma vez, nenhum dos dois candidatos venceu, mas o título ficou com o brasileiro, quarto colocado na prova. Regazzoni foi só o 11º na ocasião.
A partir daquela temporada, o vermelho tornou-se a cor oficial para os trajes de corrida na Ferrari, e o azul não voltou a ser utilizado. Em 2023, a escuderia usou o amarelo junto com o vermelho para o Grande Prêmio da Itália, em Monza, para homenagear a vitória do 499P nas 24 Horas de Le Mans. No GP da Toscana de 2020, a equipe usou um tom bordô para celebrar a sua milésima corrida.